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A Crise de identidade profissional

23/04/2021 | Novidades, Transição de Carreira

Você já passou por uma crise de identidade profissional? É um momento que pode chegar na vida de qualquer pessoa que tem uma carreira consolidada. Mesmo porque a carreira está dentro da nossa vida e a escolha está ligada com nossa identidade, com que somos ou queremos ser e como queremos viver. Prefiro dizer que crise de identidade profissional é o mesmo que crise de identidade. Quem sou eu agora? O que eu gosto de fazer? Por que não estou mais gostando deste lugar? Provavelmente essas perguntas surgem quando algo em nós muda. É um processo bem saudável, às vezes dolorido, mas que pode abrir possibilidades na vida.

Outro dia, uma pessoa do meu círculo de amigos, chegou pra mim com essa angústia. Ela havia se deparado com uma pergunta na rede social e me contou que ficou por dias pensando na resposta. Talvez esteja pensando nela até hoje. Eu acabei me envolvendo com o assunto e resolvi compartilhar essa reflexão.

Questionamentos 

A pergunta era simples: se não fosse pelo dinheiro, com o que você trabalharia?

Antes de continuar, vou abrir parênteses para dizer que que muita gente nem pode, por condições econômicas, pensar sobre isto.

Mas essa minha amiga se sentiu instigada a responder, ou pensar sobre a resposta, que poderia ser igualmente simples para algumas pessoas. Muitas poderiam dizer prontamente que seguiriam na atividade atual. Outras diriam que mudariam totalmente o rumo da carreira para uma atividade nova. Retomariam o sonho da infância, interrompido pela segurança de um trabalho que não traz tanta realização, mas que é suficiente para pagar as contas e levar uma vida financeira estável. O que me chamou a atenção na resposta da pessoa que me trouxe o questionamento foi a incerteza.  Ela respondeu “não sei”.

Essa pessoa é uma jornalista com mais de 20 anos de carreira, reconhecida em seu meio de trabalho e que, inclusive, já partiu para novas atividades como empreendedora e, recentemente, retornou para o jornalismo. A resposta dela veio com uma justificativa. “Gabi, eu adoro o que eu faço, sou realizada profissionalmente, mas essa pergunta me deixou angustiada porque eu realmente não sei seguiria nessa carreira simplesmente por prazer”, explicou. “Será que eu estou levando a minha vida profissional no modo automático, sem observar o que realmente me faz feliz no trabalho?”, foi a dúvida que ela me trouxe.

Será que pensar que é possível trabalhar só por prazer não é um pouco de fantasia? Do tipo “viveram felizes para sempre”. Trabalhar para ganhar dinheiro faz parte do jogo. E se for por prazer? Prazer de que? Trabalhar porque se realiza e se expressa? Trabalhar porque naquela atividade a pessoa se encontro e dá lugar para o desejo e para a própria subjetividade? Se é isso, pode ser bem prazeroso.

Escolhas

Claro que quando é possível escolher a atividade profissional, há chances de associar o trabalho a tudo que se deseja. Mas será que só quando se escolhe um trabalho isso acontece? Será que não é possível descobrir que a profissão que “te escolhe” faz total sentido pra você?

O trabalho pode ser oportunidade para a pessoa expressar sua potência, ser um lugar de realização, de expressão de si. Às vezes não dá para escolher este trabalho, mas pode haver, em qualquer que seja a atividade, a possibilidade do sujeito se encontrar. A psicanálise fala em bem amar e trabalhar como duas formas de expressão da pulsão de vida.

Em resumo eu quero dizer que as crises podem ser encaradas como períodos de aprendizagem, de auto-observação. É bem provável que essa pessoa que me procurou até seguisse fazendo o que faz atualmente, não fosse pelo dinheiro. Talvez escolhesse apenas alguns recortes da profissão, aqueles nos quais ela se sente mais produtiva ou mais realizada. Sabemos que quando assumimos um compromisso profissional há aspectos que não nos afeiçoamos tanto, mas “são ossos do ofício” como diz o velho ditado. Se não há recompensa emocional em certos aspectos do trabalho, o retorno financeiro é o que nos mantém resolvendo questões que deixaríamos de lado, caso não fosse necessário.

É preciso levar em conta que, no modelo de sociedade em que vivemos, o dinheiro é fundamental, mas o tipo de recompensa que não mantém um propósito vivo por muito tempo. Você certamente já ouviu relatos de pessoas que abandonaram uma carreira profissional muito bem sucedida financeiramente, para levar uma simples com bem menos dinheiro e que ficaram mais felizes por isso. Mas vamos lembrar sempre que a vida não é um conto de fadas, hein?

Plano B

Quem sabe a saída seja focar nos aspectos da sua carreira que mais lhe satisfazem e ter um plano B. Ainda que seja um sonho, que aparentemente não seja viável no momento, mas que te dará força para enfrentar os “ossos do ofício”. E eu quero te dizer uma coisa: pode ser que você mude de profissão, que tenha uma nova carreira, que seja feliz e até ganhe um bom dinheiro com ela. Mas isso não é garantia nenhuma de que a crise de identidade profissional não venha novamente bater à sua porta, porque a gente muda ao longo do tempo e as coisas com as quais nos identificamos, também.

Se é muito difícil analisar tudo isso sozinho durante uma crise de identidade (profissional), a terapia e o coaching são processos que ajudam a pensar melhor na sua relação com o trabalho, com sua identidade e com suas escolhas. Pense nisso. 


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