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Transição de carreira: um relato em primeira pessoa

26/07/2019 | Novidades, Transição de Carreira

Eu também passei por um momento de crise com a minha carreira profissional. Sinal de que tudo estava seguindo um curso natural....as crises são necessárias e inevitáveis. Fazem parte da existência. Mas, na hora em que estamos atravessando uma, nem sempre temos este entendimento. 

Eu já havia tido mini crises profissionais, mas esta era diferente. Meus sentimentos e pensamentos eram diferentes; a insatisfação era constante; não passava após um final de semana, não passou após as férias. Pelo contrário, só aumentava. Eu mantinha a responsabilidade e o comprometimento com minhas atividades, mas não tinha energia, não tinha empolgação, não tinha mais vontade estar ali. Eu via minhas colegas de trabalho pra lá e pra cá, empolgadas, energizadas e me perguntava “Cadê eu? Eu já fui assim, empolgada, vibrante. O que está acontecendo?”

Qual era o contexto: eu havia completado 16 anos de formada em Psicologia e o mesmo tempo atuando na área de Recursos Humanos, trabalhava há quase 9 na mesma organização. Iniciei como analista e estava agora como coordenadora da área de Treinamento & Desenvolvimento. Uma organização que eu admirava muito, com missão nobre, local onde fui muito feliz, fiz amigos, aprendi muita coisa sobre ser profissional, conheci profissionais incríveis, cresci profissionalmente. Ou seja, nesta organização vivi quase uma década da minha vida e fui muito feliz. E não, não havia só coisas gostosas para fazer. Como todo trabalho, havia coisas chatas, momentos de frustração, projetos não tão prazerosos. Mas tudo isto faz parte da vida dentro de uma empresa. Colocando na balança, o saldo era bem positivo.

Contudo, como contei acima, as coisas dentro de mim mudaram. Eu estava bem empregada, bem remunerada, na posição de liderança e, ainda assim eu já não tinha mais vontade fazer parte. Então concluí que estava na hora de mudar de empresa; arejar, desafiar-me em outra cultura organizacional. Decisão tomada: vou trocar de empresa.

Passaram-se três meses e eu não havia feito uma única ação sequer em direção desta mudança. Nem a mais básica de todas: atualizar um currículo, atualizar meu Linkedin. Como psicóloga que sou, comecei a olhar para esta minha falta de movimento e indaguei a mim mesma: “Gabriela, você está insatisfeita, quer mudar de emprego e não se mexe? O que será que isto quer dizer?

Esta pergunta foi bem importante porque comecei a pensar mais na minha insatisfação e entender o significado dela. Não era a empresa que havia mudado. Eu havia mudado! E o que antes me realizava, agora não mais me preenchia. Confesso que tive medo e um pouco de pânico porque sempre tive certezas sobre a minha carreira profissional. Certeza que queria trabalhar como psicóloga dentro de uma organização; certeza que queria ganhar bem; certeza que queria “subir” na carreira e chegar a uma posição de liderança. Certeza que tinha perfil para “trabalhar registrada”. Certeza que ser autônoma e ter uma consultoria não era para mim, era para os outros.

Aí, quando enfim alcanço minhas metas, já não me sinto realizada. Pelo contrário, deparo-me com perguntas sem respostas “O que eu quero? O que eu vou fazer se não for trabalhar em RH? O que eu poderia fazer? Será que já não estou velha para fazer mudança na carreira? Será que eu vou ter coragem de bancar uma mudança? 

Sentia-me afastada da essência da minha profissão de psicóloga e desejava resgatar isto. 

Procurei manter a calma, não fazer nada e “olhar de fora”, como fazia nos processos de coaching por mim conduzidos. 

Este é um ponto primordial no momento de crises na carreira. Entender a insatisfação, fazer uma análise um pouco mais profunda sobre si mesmo e sobre a situação. E só depois partir para a ação.

Fazer plano de ação não é complicado, mas só é útil quando você tem claro seus objetivos. Parece – e é – bem clichê. Mas é a vida real!!

Eu não sabia mais o que eu queria. Só sabia o que não queria mais para mim. Bom ponto de partida. E dentro deste meu processo de ressignificação da minha carreira, entendi alguns pontos principais sobre mim.

  1. Embora fosse bacana estar numa carreira de gestão, o que eu gostava mesmo era de ter uma carreira especialista
  2. Queria ser mais psicóloga e menos administradora
  3. O modelo de “carteira registrada” já não combinava mais comigo. Estava pronto para ser autônoma
  4. Para fazer a mudança, eu precisaria de planejamento e estrutura, aspectos que me dariam a segurança necessária para encarar todo o processo. Cada um sabe o que precisa para topar mudar. Eu não sou do tipo que faço mudanças importantes do dia para a noite, respeitar-me foi fundamental

Saldo desta história: depois de 16 anos trabalhando nos moldes tradicionais, pedi desligamento e abri minha consultoria focada no desenvolvimento das pessoas e organizações. Trabalho com a Psicologia a serviço do mundo do trabalho. Trago para a experiência atual tudo o que aprendi no mundo corporativo.

Do lado de cá, de fora de uma empresa, há outros desafios. Mas eu estava preparada e disposta a enfrentá-los. Mas isto é prosa para uma outra oportunidade.

Hoje sou novamente feliz e realizada com minha prática profissional. Olho para trás e vejo que foi bem dolorido este processo, quem me acompanhou de perto pôde constatar. Mas, é muito satisfatório olhar trás e ver que dei conta, que encarei de frente meus medos e que coloquei, mais uma vez, em prática as coisas nas quais acredito. 

Auxiliar os outros em seus processos de autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e transição de carreira é gratificante. Mas poder auxiliar a mim mesma foi top.


Este post tem 6 comentários.

6 respostas para “Transição de carreira: um relato em primeira pessoa”

  1. Legal colega ver sua história profissional compartilhada!! Parabéns!!

  2. Cristiane disse:

    Mó orgulho de ter sido da sua equipe, minha ‘chefa’ querida! Mó orgulho e prazer de ler as coisas que escreve, parece que estamos conversando, que está na minha frente falando, tão gostoso de ler seus textos!! É mega feliz de te ter como amiga, saudades de vc!! 😘😘

  3. Lucia Helena disse:

    Adorei!!!
    É exatamente!!

  4. Ruth de Oliveira Alves disse:

    Nossa que partilha real! E realidade palpável, vivida por nós outros líderes, entendi as chaves no texto, que abrem as portas, neste sentido, gostaria de destacar está fala: “encarei de frente meus medos e que coloquei, mais uma vez, em prática as coisas nas quais acredito”. #essência…
    obrigada Gabriela

  5. Andrea Baio disse:

    Show Gab!!! Esses insites são necessários.
    Eles precisam vir de dentro da gente, na HR certa! Apesar da maturidade e do conhecimento profissional,tem momentos q parece que a gente anestesia, impaca, sente um ser comum, mesmo sabendo do nosso potencial. Fico feliz por vc! Sucesso!

  6. Lana disse:

    Que belo relato! Parabéns !

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